O Tratamento e a Decisão

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Por Dani Castro

Kassia estava bem determinada a concluir logo e com sucesso o tratamento. Passada a frustração de não poder amamentar as bebês (em virtude da quimioterapia), ela arregaçou as mangas e tomou uma decisão. Foi nesse período que eu ouvi uma das frases que mais me marcaram na vida. Com todo esse turbilhão de acontecimentos, Kassia disse: “Eu tenho duas opções: ou posso ficar chorando pelos cantos e me lamentando, ou posso viver. Eu escolho viver.” E assim foi feito!

Durante os quase três anos convivendo com o câncer, Kassia fez planos e viveu. Viajou com as filhas mais velhas pro Japão, viajou pro Brasil, viajou pra Portugal, pro México… viajou pra perto de casa também… Kassia sempre amou viajar! Não seria o câncer que a impediria de fazer o que tanto amava!

E ela viveu nas coisas e momentos simples também!

Viveu quando confortou uma amiga que estava em crise no casamento…

Viveu quando vibrou com o nascimento do filho de outra amiga…

Viveu quando aconselhou mais uma amiga sobre a melhor atitude a tomar com relação ao problema do filho na escola…

Viveu quando vibrou por essa amiga ter arrumado um novo namorado…

Viveu quando procurou, preocupada, emprego para um amigo…

Viveu quando chamava as amigas, no meio da semana, pra comer asinha de frango no barzinho…

Viveu quando recebia sempre com um sorriso no rosto, os amigos que iam angustiados lhe fazer uma visita e saiam sempre mais aliviados…

Viveu.

Kassia teve uma vida breve. Mas soube viver!

E ao espanto de quem a observava sempre positiva, ela justificava: “não quero que minhas filhas tenham uma lembrança de uma mãe triste… faço isso por elas!”

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